Criança com dificuldade é diferente de transtornada.


Cada vez mais cresce o número de crianças e adolescentes com algum tipo de diagnóstico que valide a sua possível dificuldade em aprender da forma como eles querem que elas aprendam. Alguns pontos são importantes sobre esse tema, mas que ainda são pouco discutidos e isso assusta um pouco, afinal é da saúde e desenvolvimento de seres humanos que estamos falando. Três temas relevantes são a dificuldade para diagnosticar, a necessidade de medicamentos e a visão da criança/adolescente sobre ela mesma.


Diagnosticar TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade) e outros transtornos de aprendizagem não é simples e deve envolver um caminho multidisciplinar: a visão dos educadores, dos cuidadores, dos psicólogos, dos médicos e da própria criança ou adolescente. É importante não rotular uma criança com tal transtorno apenas por observar os seus sintomas e se sentir “incomodado” com eles, o que infelizmente acontece principalmente por parte dos cuidadores e educadores sobrecarregados.


O passo médico do diagnóstico envolve a medicação e aqui há um risco elevado para a saúde, importante pesar com cautela a tomada de decisão revendo os efeitos colaterais imediatos e futuros. O organismo em desenvolvimento que recebe psicotrópicos corre riscos maiores do que o organismo já maduro, aqui existem diversos estudos sobre o tema e cabe aos responsáveis obter todo o conhecimento necessário para então decidir. Caso continue com dúvidas procure segundas e terceiras opiniões.


O item mais esquecido e importante é ouvir o que a criança e o adolescente entendem sobre o problema, nesse ponto a psicoterapia pode ajudar, mas de qualquer forma oferecer a informação e obter a devolutiva é imprescindível. Eles não são seres alheios, incapazes ou incapacitados, eles precisam de proteção e orientação, mas isso não envolve tomar toda e qualquer atitude sobre a própria vida sem consultá-los de alguma forma, pedagógica e lúdica que seja. Observa-se uma demanda crescente de superproteção, infantilização e terceirização de problemas que poderiam ser resolvidos com mais facilidade se os envolvidos ouvissem o que eles têm a dizer e emprestassem um pouco de responsabilidade, se houver é claro.

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