Narcisismo, relação tóxica e a verdade.


Sem extremos, não é tão incomum encontrar certos graus de dependência emocional nos relacionamentos em geral. A dependência emocional é a permissão recorrente que entregamos para alguém afetar/controlar os nossos sentimentos e gradativamente criar uma necessidade dessa recorrência. Um bom exemplo é a atenção, ele deixa a pessoa feliz quando a recebe, mas não deveria angustia-la sempre que não a receber. O dependente distorce esse movimento e cria uma necessidade incomum da atenção e aqui o grande gancho é o motivo pelo qual ele permite que esse movimento recorra, ocorra com constância, em períodos próximos. Não dá para dizer que foi sem permissão, mesmo que inconsciente; pouquíssimos casos extremos contém situações sem permissão efetiva, como em sequestros, raptos de crianças, entre outros, mas no geral houve uma permissão e aceitação ao movimento de dependência.


O ideal seria sempre compartilhar o relacionamento em via de mão dupla, entendendo que hoje eu posso doar um pouco mais, amanhã receber um pouco menos, e ao longo do tempo o próprio relacionamento se compensará deixando todos medianamente satisfeitos. Os principais pontos que se descompensam na dependência emocional são o medo e a autoestima. O medo de ficar sozinho, a necessidade de sempre ter a máxima certeza de que o namorado "é seu" e "só seu". Baixa autoestima, sempre precisar da aprovação da esposa para se considerar bonito antes ou após cortar o cabelo, fazer a barba e ou escolher uma roupa para sair. Aqui entra um gancho ao narcisismo.


Muito se tem comentado sobre o transtorno de personalidade narcisista, parece que virou uma moda nas redes sociais chamar qualquer pessoa que se mostra 'confiante e bonita além dos padrões' como narcisista. É fato a complexidade para diagnosticar alguém como narcisista em sua personalidade, muitos exemplos são de episódios agudos de grandiosidade e necessidade de adulação dos outros, mas que geralmente estão contextualizados com o momento que a pessoa está vivendo. Um exemplo são as pessoas que conseguem perder bastante peso, mulheres após cirurgia estéticas, homens que conquistam o corpo atlético, pessoas no geral após conquistarem um objetivo concreto como comprar uma casa, um carro e realizar tais viagens. Observamos que todos os itens estão contextualizados, ou seja, dá para entender que o contexto que a pessoa está vivendo 'justifica' o episódio narcisista. Talvez o que a gente sinta seja a tal 'suave inveja' e por isso nomeie como narcisismo. Rs!


Provavelmente um dos maiores ganchos para chamar alguém de narcisista é a ausência da empatia, falta o tal deixar-se tocar pelo sentimento que o outro está sentindo. O narcisista entende o que é empatia racionalmente, mas tem bastante dificuldade em se conectar com as outras pessoas e isso inevitavelmente promove relacionamentos conturbados ao longo da vida. A não ser que ele encontre alguém bastante submisso às suas vontades, o que não é tão raro, infelizmente. Os seus sentimentos e necessidades sempre estão em primeiro plano automaticamente e há uma visão generalizada de que todos são inferiores.


Para falar de dependência emocional e narcisismo é importante observar as escolhas e aceitações que se faz e o contexto desses acontecimentos que estamos avaliando. Aquilo que for moralmente compreensível e não promover angústia para ninguém, dá para entender que está dentro de um padrão aceitável. Tudo que ficar muito dúbio, nebuloso, confuso e gerar angústia, sugere fortemente ajuda profissional com o psicólogo e algum tipo de psicoterapia.

Comentários

Postar um comentário


Deixe a sua opinião!



Mais Acessadas