O preconceito atinge a todos, inclusive você.


Sem discutir o certo e errado diretamente vamos falar aqui um pouco sobre quanto o preconceito está incluso no nosso meio de forma a perverter quase todo o discurso inclusivo. Alguns grupos que levantam e mantém estatísticas sobre mortes no país revelam que a média dos últimos cinco anos está em torno de 400 mortes ao ano no grupo LGBT, mortes essas oriundas em sua maioria por homicídios. Uma pequena parcela é de suicídios, mas pode-se entender que é derivado da cultura ao preconceito de qualquer forma. Isso entrega mais de uma morte por dia. Lemos pessoas descreverem: "Ah! Mas morrem mais pessoas no geral!", "A fome mata mais!", "Mimimi"; isso sugere falta de empatia, mas não é ponto nesse momento, o que vamos falar é sobre o preconceito e a morte.


O preconceito está ligado a ignorância, a falta de contato, instrução e conhecimento sobre o tema que se tem medo. Chamamos de medo porque é o sentimento que evoca o estranhamento daquilo que não se conhece e, logo, o julgamento errado, maldoso, perverso e passível de aniquilação. Uma barata seria um bom exemplo universal. Esse sentimento (uma emoção, é quase irracional) é comum ao ser humano e é necessário à sobrevivência da espécie, estranhar aquilo que não se conhece como forma de manter a própria integridade e a do grupo. Então, sentir o preconceito não é errado e está inerente à todos nós, humanos. O que é socialmente inadequado está em escolher e fomentar o preconceito como um ideia válida ao propósito de exclusão social.


Por mais que as próprias ideias sejam excludentes, sempre é necessário pensar em grupo quando falamos dos outros, de outras pessoas, em outros contextos e possibilidades. Assim como não gostar dos gays ou negros não deve ser automaticamente ligado com a sua exclusão do contexto social. Dá para entender exclusão social desde a sua morte, assim como está no inicio do texto, até barrar a evolução dos seus direitos, impossibilitar a sua participação e a sua produção, enfim... Deletar o diferente do grupo, não deixar ele brincar com o restante porque ele não faz parte do padrão estabelecido.


Desejar a morte de uma pessoa parece errado só pela descrição, imagina compactuar com essas ideia, fomentá-la ao grupo e colocá-la em prática, mas para muitas pessoas e grupos a ideia do "Ah! mas ele era assim..." como justificativa é quase instantânea quando se sabe a opção sexual homo do falecido. Isso também é preconceituoso. A morte por fim da vida é inerente a qualquer ser vivo, logo, a justificativa da morte por homossexualidade não deveria ser uma ideia válida para ninguém, assim como julgar outros valores da pessoa sem empatia também não se justifica: "ele não andava"; "era esquizofrênico"; "dava trabalho demais"; "fez tudo de errado na vida"... As frases ilustram o quanto as ideias preconceituosas podem ser veladas e estão inclusas no nosso contexto social de forma até que "ingênua". Julgar é mais fácil do que se colocar no lugar da outra pessoa.


Existem vários outros exemplos, mas para não prolongar muito e não tocar no tema "religião" (único local que tenho conhecimento, condena a homoafetividade), para resumir: o preconceito existe e não vai deixar de existir, o que precisa mudar é aceitação sobre a escolha das ideias preconceituosas e a sua estrutura em uma cultura que permeia entre as pessoas, grupos, gerações, e etc. Não deve ser uma opção escolher o preconceito, aceitá-lo e compactuar com as suas consequências.

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